quinta-feira, 21 de março de 2013

eLA, EU E O QUE NÃO ACREDITAMOS (PRIMEIRO ATO) - por Simone Huck

Da janela do meu microscópio vejo células epiteliais chocarem-se contra a Terra. Morreremos depois do meio-dia. 
Da janela do quarto, ela vê seu câncer comendo o sol. Estaremos no escuro antes das três horas.
Da janela desta tarde, ela e eu desenhamos imensas descrenças com lápis 2B. Haverá um enorme arabesco de nossas vidas às dezenove horas de hoje. 

Há vários alienígenas chegando com enormes borrachas. Seremos apagadas antes de conseguirmos dizer eu te amo. Nossos traços tremem no mesmo papel cômico e hilário. Nossas vidas entraram em nó. Colisão de sentidos. Somos ilustres desconhecidas procurando uma saída em comum.

Em cima dos meus medos as tarântulas adormecem.
Em cima da vida dela, o microscópio, o quarto, a Terra e o sol sorriem uma risada mórbida e imprevisível.
Há uma telepatia entre os mundos. Não nos deram ouvidos de escutar.

Um comentário:

  1. Se eu não soubesse do que se trata, diria "Bravo!".
    Como sei, superlativarei. Bravíssimo, Huck.
    Fé, amiga.
    E um dia de cada vez, não esquece.

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