terça-feira, 16 de abril de 2013

cUIDA - por Adilma Alencar.


Vive, amor, vive.
Por amor também se é triste.
Eu te disse o que fazer. Ajeitei a porta do armário, cuidei para que não lhe faltassem flores. Eu lhe apresentei à noite, você já sabe que o sereno e o samba expulsam a doença dos nervos, sabe também que aquele café no final da avenida está sempre aberto.
Cuida do pé de jabuticaba e não usa cores escuras no quarto, no quarto a paz metafórica é bem vinda.
Faz a barba vez em quando, mas deixa que cresça aos finais de semana, nos feriados prolongados. A barba te dá uma tristeza rude e desconserta esses seus olhos de água. Joga fora minha colcha de retalhos, não é ciúme, mas não deita outra mulher em cima dela. É só um cuidado besta, mas cuida disso.
Não esquece que esse ano o Chico Buarque fará show na cidade, se lembra de não me dizer que irá, lembra que minha dor demora, porque eu sou errante nisso de amar.
Eu arrumei seus filmes e documentários, cuida deles. Tenta pelo menos usar o espanador que está no armário da cozinha e usa sempre aquela marca de café, você não presta atenção aos detalhes.
Deixa essa raiva passar e entrega de novo seu amor que é maciço e são, é um mar.

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