terça-feira, 28 de maio de 2013

aUSÊNCIA - por Adilma Alencar.

Os lírios se abrindo em neons escarlates madrugada adentro, sutiã, perfume, mel e desespero.
Última madrugada nua em braços alheios, sem culpa e sem amor, o caos fotografando minha palidez cristalina.
Mulher é uma palavra aberta.
Fez tranças nos meus cabelos, suas mãos eternamente trançam, fazem nós, desfazem nódoas que o mundo cingiu. Suas raízes lançaram terra em cada gesto que se seguiu, em cada gesto diário de tentativa de amor.
Todo o meu silêncio é um prato de comida, é domingo de manhã. É raio.
Não há solidão, o que violenta meus sentidos é sua ausência na minha cama, no meu café preto de madrugada, na procura burra de minhas mãos.
Há meu pranto nos poemas de amor, leva meu corpo para servir sua eternidade, não há um traço, um risco, um vinco no meu rosto que não signifique seu meu amor.
O primeiro frio que me recebe à porta de manhã, a pressa, o prazo.
O amor é essa eminência triste e doce de romper de lágrimas absurdas.

Meu mundo berra rouco, largo, é um touro perdido. Vingo sua ausência profanando a beleza das manhãs que não lhe dei, morrer é absurdo. Seu amor plantado em meus nervos é cor primeira de tudo que pulsa. O gosto do seu umbigo é horizonte macio do corpo em gozo. Renuncio à estupidez. O amor é maior que arapucas do medo.

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