quinta-feira, 8 de agosto de 2013

hISTERIA - por Simone Huck


Mild Deliria - Diploma work
Pencil on paper 2003

Você abre os olhos de uma ressaca planetária.
Abraça as próprias pernas mas continua sozinho.
Uma solidão hedionda caminha por suas hemácias.

Você vai até a geladeira,
abre uma garrafa de leite mas não consegue beber uma via láctea.
Dúvidas lunares ecoam dos seus olhos.
De restos e recomeços você é feito.
Um liquidificador de traumas e sonhos.
Pão com manteiga de esperanças vencidas.
Sua língua é um trapézio sem bailarina.
Ar ou chão?

Seus ossos cansados perguntam pelo colchão da outra cama.
Você não dormirá naquela casa nessa noite.
Nem naquele coração que eventualmente jura que te ama. E grita.
Você apaga a luz das crenças sem felizes memórias.
Sua traqueia está cansada de sonhar com uma casa cheia.

Um livro sem palavras cai das suas mãos.
Sua alma cai do seu corpo. 
Uma larva fica mais gorda.
Você desiste.

6 comentários:

  1. "abre uma garrafa de leite mas não consegue beber uma via láctea"
    O que você bebeu, Huck, para escrever isso?
    GENIAL.

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    1. Bebi uns goles da minha solidão, Franco. Mais nada.
      Beijos

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  2. é preciso coragem pra ir tão fundo....obrigado por compartilhar...tanto a si como a sil...bjss!!!

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    1. Será que é MESMO de mim, Cícero Fornari?
      Obrigada pela leitura.
      Beijos.

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  3. Sempre excelente, Simone! Parabéns!

    Um abraço

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    1. Obrigada pelo carinho e pala sempre leitura, Isa.
      Abraço.

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