quarta-feira, 19 de março de 2014

cOSTURA - por Adilma Secundo Alencar.

         A vontade apressa o corpo e alonga a semana. Não li aquela reportagem sobre os jovens da Crimeia, ouvi um relato ou outro sobre a Copa do Mundo, porque as  notícias todas do mundo me chegam num burburinho besta, num insistir cansado. Às vezes é assim, me importa o vizinho, o próximo,mas às vezes é assim de um cansaço cinza que o mundo se apresenta aos meus olhos e ouvidos. De repente, eu quero deixar as teorias dissertativas e saber sobre comunidades sustentáveis. 
          Eu vou aprender a costurar e farei vestidos de todas as cores e estampas para enfeitar minha mulher, e saias de cores quentes para ela me despir,porque eu não vejo nada mais útil do que espalhar carinho nas costuras, nas curvas, na nuca, no íntimo, nas flores, nas mãos, na barriga macia e mãe, no avançar do Sol num céu de língua. É um derrame vermelho nas minhas retinas alaranjadas de sol de dentro, de sal de suor de fora.
     A pressa que rege as mãos de motoristas apressados, de corretores insones, do escrivão sem sentido,não é a mesma pressa de minha espera pela presença dela, porque sua chegada amolece meus braços que desesperados pela sua cintura,apertam alegres e ingênuos sua primeira chegada,porque sua segunda chegada é precipitação das minhas mãos sedentas do espaço que teu corpo encerra,a sua segunda chegada é corrida de meus sentidos todos.
Sua presença alimenta esses meus sentidos famintos.
        Comer todas as suas semânticas e dormir na sintaxe mole e lânguida de seu corpo exausto.

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