quarta-feira, 14 de maio de 2014

fOGUEIRA - por Adilma Secundo Alencar.

É de sorriso o nosso encontro. O cansaço, a comida, as contas, os livros, a discrição, tudo fica abandonado esperando nossa saudade se acalmar um bucadinho e sossegar ainda que rapidamente da urgência do corpo  que a semana adia.

O lugar mais desejado do mundo é qualquer um que permita nossa nudez com o corpo e com os olhos, porque às vezes na metade de um café, na rua, de uma aula, séria, meu olhar volta-se nu para o teu e quando corre ao redor querendo chão é flagrado nu, como na primeira vez que vi as nuvens do alto, como da primeira vez que eu li Pessoa com o sangue. O que é mostrado nos meus olhos nus não é medida, é antes, desregramento, porque mais demoradamente as paisagens fixam poesias nas minhas retinas às vezes cansadas, às vezes meninas dessa vida toda. Todos os ímpetos acontecidos num passeio simples pela cidade já conhecida,vontade de conhecer o mundo todo e no fim do dia dormir na mesma cama que a tua.

Nos teus olhos com essa precisão de faca que teu rímel traça moram mil ou mais mulheres, tantas que são todas você. E todo dia é uma que tira minha roupa e acende meu olhar em imperativos minados de
pimenta, mel e cachaça. Chora lágrimas vermelhas, azuis, lilases, verdes, laranjas como o sol de verão, tem todas as cores nos olhos miudinhos , eles acendem nos meus umas luzes de fogueira de São João e de sol.

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